GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO.
CENTRO ESTADUAL THIAGO VIDAL MAGALHÃES PINHEIRO
PROJETO DE INFORMÁTICA ADAPTADA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.
BOA VISTA-RR
2012
GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO.
CENTRO ESTADUAL THIAGO VIDAL MAGALHÃES PINHEIRO
PRÊMIO SOBRE EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
O presente estudo destina-se à participação no Concurso II Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas – a escola aprendendo com as diferença? Uma abordagem sobre a Psicopedagogia aplicada à Equoterapia, no programa educação/reeducação, no Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro.
BOA VISTA-RR
2012
SUMÁRIO
ÍNDICE
Sumário
SUMÁRIO 3
ÍNDICE 3
Significando a prática: Psicopedagogia na Equoterapia 6
Introdução 7
Metodologia 8
Resultados e Discussão 8
Conclusão 10
Referências 11
ESTUDO DE CASO
A praticante MJ trata-se de uma pessoa com diagnóstico fechado de DM (Doença Mental), mas que na minha concepção uso a sigla invertida MD (mente desafiadora). MJ pertence a uma família classe média alta do Rio de Janeiro, sempre acompanhada por profissionais da rede privada. Seus pais são aposentados e possuem familiares médicos radicados em Boa Vista-RR, o que os levou a empreenderem uma visita a esses familiares e que através destes, tiveram conhecimento dos trabalhos desenvolvidos no Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro e providenciaram junto neurologista, o encaminhamento para que MJ fosse atendida como praticante do método equoterápico no centro.
Por ocasião da anamnese, após o preenchimento do formulário e colhidos os dados necessários para uma análise do estágio cognitivo e estoque de conhecimentos prévios, bem como o resumo de sua vida pregressa, passei-lhe uma folha de papel em branco e uma caneta. Sugeri-lhe então, que escrevesse e/ou desenhasse o que quisesse no papel. MJ de posse do material escreveu com uma coordenação motora fina bem definida, o seu nome completo e na sequência o numeral 42. Em uma breve análise do conteúdo ali expresso perguntei-lhe a que se referia aquele numeral após o seu nome. MJ aproximou-se e falou em voz baixa que se tratava de sua idade, mas que não sabia escrever “anos”. Percebi, então, que aquele seria o estoque de conhecimentos gráficos, que até então dominava. E, partindo do princípio da tríade, de que só se aprende algo que nos interessa e somente nos interessamos pelo que nos dá prazer, ou seja, para despertar interesse ao aprendiz precisa-se de estímulo ou algo que tenha um significado real para o sujeito aprendente. Assim, partiu-se da tendência pedagógica que recomenda que se você apresentar a grafia de uma letra, por exemplo, a letra “A”, essa imagem não tem significado real para o aprendiz analfabeto. Então se procurou partir do todo para as partes.
Tomando a praticante MJ pelas mãos a conduzi ao picadeiro e apresentei um cavalo de andadura “trans pista”, considerando-se que a praticante tinha dificuldade com o controle de tronco e necessitava de bastantes estímulos verticais e horizontais globais, para conquistar esse controle. Por analogia fui informando à MJ que os anteriores do animal equivaleriam aos nossos braços e os posteriores às nossas pernas, a crina aos nossos cabelos e assim as demais partes corporais do animal teriam correspondência relativa aos humanos. E que este animal pertencia a uma espécie e que esta espécie se chamava CAVALO (equino), escrevendo essa palavra em letras garrafais na lousa existente no picadeiro. No picadeiro ficou a recomendação de que o itinerário deveria ser em zig zag, com o objetivo de ganho no fortalecimento de tônus e, consequentemente, equilíbrio de tronco.
Dando sequência à proposta psicopedagógica, na sessão seguinte a levei às baias da cavalaria, onde ficam vinte cinco cavalos e em cada porta das baias tem o nome atribuído a cada cavalo. Passei então, a trabalhar com esses nomes e outras palavras, estrategicamente escolhidas de fácil pronúncia e grafia descomplicada. Sempre partindo do todo para as partes, como primeiramente o nome e depois cada fonema e posteriormente, as letras contidas em cada palavra.
Os familiares de MJ observando o progresso vocabular escrito pela praticante em apreço, resolveram acompanhá-la na 5ª sessão, para observação do método aplicado na alfabetização da praticante. Seguindo a mesma corrente proposta, a conduzi juntamente com os familiares presentes até as baias, portando uma folha de papel vasado com um furo circular, com o objetivo de isolar cada letra do restante da palavra. Ocorreu que MJ nessa oportunidade, conseguiu ler os nomes de todos os cavalos escritos nas portas das baias e isoladamente identificar cada letra e, identificando se vogais ou consoantes.
Todos os registros dessas evoluções encontram-se no arquivo morto do centro, haja vista que a praticante não mais pertence ao quadro de praticantes ativos e a sua permanência no centro ocorreu no ano de 2005.
Significando a prática: Psicopedagogia na Equoterapia
Salão de Iniciação Científica
Psicopedagogo – Raimundo Alberto Gemaque de Oliveira
Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro
Resumo
Este trabalho trata da prática da Psicopedagogia no Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro no município de Boa Vista - RR, sobre a qual se fez um estudo de caso com dois praticantes, ambos com idade adulta, a fim de verificar a prática da Psicopedagogia na Equoterapia e suas implicações, na perspectiva destes praticantes. Os resultados revelaram que os objetivos da pesquisa foram atingidos, pois a prática vai desde orientar a família ao planejamento das sessões, e essa prática resultou em inúmeros benefícios para os praticantes, sua família e para a própria experiência do centro, como respostas positivas sobre os ganhos relevantes que puderam ser incorporados ao método equoterápico como um todo e realização pessoal do profissional.
Palavras chave: Psicopedagogia, equoterapia, praticantes e família.
Abstract
This paper deals with the practice of Psychology in the State Center for Therapeutic Riding Thiago Magalhães Vidal Pinheiro in Boa Vista - RR, upon which a case study done with two players, both with adults, to check the practice of Psychology in Hippotherapy and its implications from the perspective of practitioners. The results revealed that the research objectives were achieved, as the practice goes from family to guide the planning of sessions, and this practice resulted in numerous benefits for practitioners, their families and the experience of the center, as positive responses about the relevant gains that could be incorporated into equine therapyas a method throughout the professional and personal fulfillment.
Keywords: Psychology, equine therapy, and family practitioners.
Resumen
Este artículo trata sobre la práctica de la Psicología en el Centro Estatal de equitación terapéutica Thiago Magalhães Vidal Pinheiro en Boa Vista - RR, en la que un estudio de caso realizado con dos jugadores, tanto con los adultos, para comprobar la práctica de la Psicología en la hipoterapia y sus implicaciones desde la perspectiva de los profesionales. Los resultados revelaron que los objetivos de la investigación se han logrado, ya que la práctica va desde la familia para orientar la planificación de las sesiones, y esta práctica dio lugar a numerosos beneficios para los profesionales, sus familias y la experiencia del centro, ya que las respuestas positivas sobre los logros relevantes que podrían ser incorporados en la terapia equina como un método en toda la realización profesional y personal.
Palabras clave: Psicología, terapia con caballos, y los médicos de familia.
Introdução
Conforme a ANDE-BRASIL (2009), equoterapia é um método terapêutico e educacional, o qual, por meio de uma abordagem interdisciplinar, utiliza o cavalo para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais.
O Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro possui uma equipe composta por profissionais de educação, saúde e equitação, em uma parceria formada entre a Secretaria de Estado da Educação – SECD e o Batalhão de Cavalaria da Polícia Militar de Roraima.
Ferrari (2009) fala que as principais atividades do Psicopedagogo:
Orientar a família e a equipe, dando assistência e suporte às mesmas;
Avaliar o praticante fazendo um levantamento de suas potencialidades e necessidades no contexto cognitivo;
Auxiliar no contato e aproximação do praticante com o cavalo;
Auxiliar no Planejamento da sessão;
Desenvolver capacidades de enfrentar novas situações e tolerar frustrações; entre outros.
O principal objetivo deste trabalho é verificar a prática da Psicopedagogia na Equoterapia e suas implicações, na perspectiva das expectativas do método equoterápico em termos cognitivos. Então, como objetivos específicos têm-se: verificar os aspectos psicopedagógicos envolvidos na Equoterapia, na percepção analítica dessa prática dos profissionais de Psicopedagogia; descrever as funções e benefícios da Psicopedagogia no contexto da Equoterapia, na opinião da equipe de atendimento; analisar a significação e a vivência que o psicopedagogo atribui a esta prática.
Metodologia
A pesquisa é do tipo qualitativa, cujo delineamento é um estudo de caso realizado com uma praticante que serviu como balizamento para o início do projeto e a qual fora escolhida, em virtude de algumas especificidades inerentes à sua patologia e histórico de vida com diferentes funções dentro do projeto. O instrumento usado como sistematizador foram os relatórios gerados após cada sessão, aos quais se fez uma análise de conteúdo, fazendo um diagnóstico das expectativas e resultados, emergindo categorias que obedeceram ao modelo misto.
Resultados e Discussão
Emergiram quatro categorias:
1) “Aspectos Psicopedagógicos Envolvidos na Equoterapia”, os quais se resumem em autoestima, afeto, vínculo, relação transferencial. Estes aspectos foram instigados devido à importância que possuem na constituição do setting terapêutico.
2) “Funções da Psicopedagogia na Equoterapia”, que são:
- problematizar as relações, o que é verificado na seguinte fase de MJ. “A praticante com diagnóstico fechado de DM (doença mental), mas que na minha concepção eu vou inverter a sigla para MD (mente desafiadora) a problematização das relações postas (pais e filhos) acerca dos afetos, cuidados, medo e tudo que implica fatores psíquicos”. Esta subcategoria se refere ao questionamento sobre a relação pais/filhos, na qual muitas vezes, o estabelecimento de um vínculo é prejudicado pelo fato do filho ter necessidades especiais, tornando os cuidados mais focados na higienização do filho do que na significação da pessoa como sujeito, que resultaria na estruturação psíquica.
- levantar demandas, pois é por meio deste levantamento que se verificam as necessidades dos praticantes, dos familiares e da equipe, que ficam evidenciadas direta ou indiretamente.
- acolher os familiares; - adaptar/familiarizar o praticante no contexto, evidenciado na seguinte colocação: na fase de adaptação do praticante tem-se que saber manejar a aproximação ao cavalo, bem como a separação dos pais”. Então, antes de iniciar o processo terapêutico com os filhos, faz-se uma vivência com os pais (na qual eles vivenciam o processo terapêutico da equoterapia, passando por um trabalho lúdico/terapêutico), o que facilita a separação destes para com os filhos no processo e o estabelecimento da relação vincular e transferencial da equipe com os pais e com os filhos.
orientar e planejar o atendimento conforme as necessidades do praticante;
desenvolver as atividades;
facilitar o diálogo entre a equipe, principalmente por ser uma equipe interdisciplinar, facilitando a troca de conhecimentos, contribuindo para uma intervenção mais eficaz.
3) “Benefícios que a Psicopedagogia proporciona à Equoterapia”;
- melhora nas relações familiares, pois os filhos melhoram em aspectos físicos e psíquicos e porque os pais possuem um espaço para falar de suas vivências;
- aprendizagens e troca de saberes entre as pessoas da equipe;
- atendimento das dificuldades do praticante como um todo, proporcionando-lhe melhoras.
4) “Significação e a vivência do praticante do método equoterápico no contexto de educação e reeducação, hipoterapia e equoterapia pré esportiva”.
“Esta prática resulta em ganhos” quanto profissionais, à medida que se aprende e se experiencia o encontro com necessidades e como ser humano, quando nos relacionamos com afeto e solidariedade, nos sentimos pro ativos, dinâmicos, abertos a novas experiências e muito úteis;”
“É muito importante a Psicopedagogia, pois, do início ao fim há a mobilização de conteúdos psíquicos dos praticantes de equoterapia”.
Conclusão
Constata-se que este trabalho conseguiu atingir os objetivos propostos, pois a prática vai desde orientar a família ao planejamento das sessões, na qual a Psicopedagogia surge como facilitadora das relações no processo terapêutico da Equoterapia. Além disso, os demais integrantes da equipe perceberam que esta atuação resulta em inúmeros benefícios para o praticante, sua família e para eles próprios, alegando que seus ganhos se referem aos aspectos acadêmicos e pessoais.
Então, verifica-se que a Psicopedagogia possui um papel fundamental na Equoterapia, trabalhando com um corpo lúdico/cênico sobre o qual se produz diferentes significações e produções, buscando estabelecer ganhos psíquicos e corporais.
Referências
ANDE-BRASIL. Disponível em: http://www.equoterapia.org.br/. Acesso em: 21 abr. 2009.
FERRARI, J. P. Disponível em: http://www.equoterapia.com.br/artigos/artigo-14.php. Acesso em: 27 abr. 2009.
X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009
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